Um dos maiores desafios na gestão de produtos é o planejamento visual de forma linear.

Os roadmaps já existem a muito tempo, mas eles não conseguiam se adequar a natureza do desenvolvimento de softwares. O desenvolvimento digital de produtos não é linear, é iterativo e dinâmico.

As equipes desenvolvem aplicações, implementam, analisam o funcionamento, fazem alterações e melhorias, lançam no mercado, coletam feedbacks e sugestões e voltam a alterar o produto.

Roadmap convencial VS Roadmap ágil

O modelo de Roadmap tradicional, onde há um ponto de inicio, especificações engessadas, na maioria das vezes com datas de entrega fixas, já está ultrapassado.

Atualmente, as organizações utilizam o modelo de gestão de produtos focado em resultados. E o comportamento dos clientes, afetam diretamente o sucesso do produto. Eles são a verdadeira métrica de eficiência do produto desenvolvido.

Entretanto, fazer a gestão por resultados é muito mais complexo e dispensa a tentativa de previsão do futuro e, entra no lugar, a análise de como o software deve ser as funcionalidades e o que os usuários vão fazer com elas quando forem utilizar o produto.

Então como construir um roadmap em um universo que está em constante mudança com melhorias, aprendizados e agilidade?

Aqui temos um exempo de um roadmap ágil:

Esse roadmap é construído de cima para baixo, criando-se primeiro os objetivos, métricas, desafios e hipóteses.

  1. Objetivos – Os objetivos normalmente são construídos utilizando a metodologia OKR, e eles podem ser utilizados tanto para o desenvolvimento do software como o desenvolvimento da equipe.
  2. Métricas – A equipe deve pensar em como fazer a gestão das atividades e qual o nível de qualidade esperada para cada objetivo.

    Nem sempre o esforço para criar, monitorar e analisar algumas métricas trazem grandes benefícios para o produto ou equipe.
  3. Desafios – Aqui são levantados os principais desafios possíveis a serem driblados durante os trabalhos feitos para atingir o objetivo traçado.

    Alguns são claros mesmo no início e planejamento, porém outros só dão as caras durante o desenvolvimento das atividades.
  4. Hipóteses/Features – Aqui os executores analisam as hipóteses de tudo o que será necessário desenvolver para atingir o objetivo traçado.

    Se baseando no trimestre posterior, a equipe pode criar hipóteses mais sólidas e conscientes sobre as features necessárias para o produto final.

    Porém, ao se basear em dois trimestres a frente, as hipóteses já não são tão confiáveis, devido às prováveis alterações que ocorrerão durante o trimestre vigente.

    E analisando três ou mais trimestres à frente, a equipe não consegue criar hipóteses sobre features que ainda nem foram mapeadas.

    Contudo, é exatamente assim que deve funcionar, a equipe conseguirá analisar o que foi feito no trimestre atual, somente um ou dois trimestres à frente, para então fazer as melhorias necessárias.

Frequência de revisões

Após criar o roadmap, cada equipe deve apresenta-lo no início de um ciclo anual para revisão e alinhar os objetivos estratégicos com os OKRs montados pelos gestores.

Também, as equipes devem manter a transparência e apresentar as atividades desenvolvidas, o que estão aprendendo e as decisões tomadas.

Ainda, devem fazer reuniões com os gestores para determinar a evolução em direção às OKRs e o que eles planejaram fazer para o próximo trimestre.

Assim, a frequência dessas reuniões pode variar de acordo com a complexidade, quantidade de features, maturidade da equipe de desenvolvedores e outros fatores.

Dessa forma, a equipe deve alinhar e, se houver necessidade, aumentar ou diminuir a quantidade de reuniões para as revisões.

Medindo o progresso

O progresso, nesse tipo de roadmap, não é medido através de quantas features foram entregues ou quantas delas foram entregues no tempo estipulado.

Em vez disso, o progresso é medido com base no comportamento dos clientes e usuários.

Caso os feedbacks sobre o que foi desenvolvido não tenham sido positivos, novas ideias devem ser apresentadas e analisadas para serem hipóteses de novas features para o roadmap do próximo trimestre.

As empresas que possuem o foco em resultados, precisam ter equipes de desenvolvedores e gestores que consigam se comunicar de uma forma eficiente e transparente entre si.

Para que todos, dessa forma, consigam entender a direção em que todos estão caminhando, quais os alvos e objetivos e, principalmente, como eles irão medir o sucesso da equipe.

Author

Jociel Adachi